As alterações demográficas, acções antropogénicas, actividades económicas, pobreza, políticas por implementar e alterações climáticas estão entre os principais factores que contribuem para a perda da biodiversidade em Moçambique. A combinação destes factores resulta na conversão, perda, degradação e fragmentação dos ecossistemas naturais, exploração excessiva de espécies, introdução de espécies invasoras e poluição, ocorrendo em várias escalas espaciais. O projecto BIODEV 2030 fez um levantamento das principais ameaças à biodiversidade no país.
De uma forma geral as ameaças para a biodiversidade em Moçambique podem ser divididas em 5 categorias principais:
1. Conversão, perda e fragmentação dos habitats naturais
A fraca capacidade na aplicação das leis, o aumento da população urbana associada a alta demanda por carvão vegetal, a alta rentabilidade dos mercados de exportação, agricultura itinerante e falta de fontes de energia alternativas estão entre as principais causas da perda florestal. Por outro lado, a crescente descoberta e exploração de recursos minerais e de hidrocarbonetos também representa uma ameaça significativa à biodiversidade, particularmente em ecossistemas costeiros e marinhos. Nos ecossistemas de água doce, a captação de água para consumo humano, irrigação e construção de barragens estão entre as maiores causas da redução ou perda dos habitats aquáticos em Moçambique.
2. Sobre-exploração de determinadas espécies
O país possui extensas florestas naturais e um elevado potencial para a indústria madeireira. Porém, os níveis de exploração das espécies florestais geralmente excedem os volumes de corte anuais permitidos devido a uma variedade de práticas insustentáveis de gestão florestal que, combinados com o abate ilegal de árvores, contribuem para a extinção de espécies madeireiras a longo prazo. Outras espécies não madeireiras também têm sido alvo de sobre-exploração, principalmente para fins de medicina tradicional, ornamentação, entre outros. A sobre-exploração da fauna terrestre ocorre principalmente através da caça furtiva. A sobre-exploração dos recursos pesqueiros e a pesca ilegal estão entre as principais ameaças à biodiversidade marinha, levando à extinção local (ex: peixe-serra) e redução substancial de recursos marinhos.
3. Invasão por espécies exóticas que prejudicam os ecossistemas e as espécies nativas
A invasão por espécies exóticas é um dos principais factores determinantes do declínio da biodiversidade, causando impactos ecológicos e sócio-económicos. A pressão antropogénica, a alteração do uso do solo e as alterações climáticas são causas que aceleraram a invasão por estas espécies em Moçambique. Muitas espécies exóticas foram introduzidas em Moçambique deliberadamente e para fins comerciais, para criação de gado, produção do mel, introdução em sistemas agroflorestais, para fins ornamentais, para estimação, e até mesmo para fins de conservação, causando grandes impactos nos ecossistemas aquáticos e terrestres, assim como na silvicultura e agricultura. Explore a nossa base de dados e conheça algumas espécies invasoras.
4. Poluição ou contaminação de habitats naturais e de espécies
O maior risco de poluição ou contaminação de habitats naturais e de espécies encontra-se principalmente nas proximidades de empreendimentos industriais e urbanos, bem como de actividades agrícolas, os quais têm causado poluição tanto do ar, como da água e do solo. A poluição da água doce vem de muitas fontes, tais como águas residuais de origem humana e industriais não tratadas, pesticidas e fertilizantes provenientes da agricultura. A actividade de mineração também tem resultado na poluição por mercúrio, poluição por cianeto, drenagem ácida, entre outros, com enfoque na mineração ilegal de pequena escala. Nas zonas costeiras, os efluentes não tratados contaminam e destroem vários ecossistemas marinhos sensíveis como os corais. Este fenómeno agrava-se devido à fraca capacidade nacional para eliminação e tratamento tanto de resíduos sólidos como de efluentes líquidos.
5. Mudanças climáticas
As alterações climáticas constituem uma ameaça potencial de magnitude desconhecida que pode acentuar outras ameaças directas, especialmente a perda, degradação e fragmentação de habitats, e estabelecimento de espécies invasoras. Alguns exemplos de impactos resultantes das mudanças climáticas em Moçambique incluem o branqueamento de corais, a perda maciça de mangais pós-ciclones, secas, acidificação oceânica, aumento da temperatura, alterações na produtividade do ambiente marinho entre outras. Nos próximos 20 anos, a exposição ao risco de catástrofes naturais no país deverá aumentar significativamente e os impactos relacionados com as alterações climáticas irão impor pressões adicionais sobre a biodiversidade. É a capacidade de mitigação e adaptação que ditará a magnitude dos impactos das alterações climáticas sobre a biodiversidade em Moçambique.
-
WebGIS do BioNoMo
Geoportal do BioNoMo com um conjunto de camadas de dados relevantes sobre a biodiversidade de Moçambique
Explorar
Explorar -
WebGIS do POEM
Geoportal do Plano do Ordenamento do Espaço Marítimo, com um conjunto de camadas de dados ecológicos e socioeconómicos
Explorar
Explorar -
Cadastro mineiro de Moçambique
Portal do Cadastro Mineiro com todos os títulos e contratos mineiros do Estado disponíveis para visualização.
Explorar
Explorar